Desde 2023, o SUS Contagem disponibiliza gratuitamente o Implanon, um contraceptivo de longa duração. Altamente eficaz, seguro e reversível, o método é considerado o mais moderno para evitar gravidez não planejada, agindo no organismo por até três anos. O Ministério da Saúde estima distribuir 1,8 milhão de dispositivos para atender a todas as mulheres que desejam utilizá-lo, até 2026.
Atualmente, ele está disponível para mulheres em idade reprodutiva, entre 18 e 49 anos, que estão em situação de alta vulnerabilidade social: em situação de rua, com histórico de uso abusivo de drogas, transtornos mentais ou vivendo em condições de extrema pobreza e multíparas, ou seja, com mais de quatro filhos e não desejam realizar a cirurgia de laqueadura. Além de mulheres com vírus HIV/AIDS, portadoras de tuberculose em uso de aminogicosídeo, em uso de talidomina, trabalhadoras do sexo e puérperas com comorbidades de alto risco.
Para o secretário de Saúde de Contagem, Fabrício Simões, a inserção do método representa um avanço importante na ampliação dos direitos sexuais e reprodutivos, especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade. “A implementação do Implanon na rede pública de Contagem foi possível após a aprovação nacional do método pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), em janeiro de 2021. O município iniciou em 2022 o processo de padronização do medicamento, por meio da Comissão de Farmácia e Tecnologia, com estudos sobre impacto, viabilidade e benefícios do método. Em 2023, o implante passou a ser disponibilizado na atenção primária à saúde”.
Desde a chegada do Implanon à rede pública, houve aumento na procura por métodos contraceptivos de longa duração. Contudo, muitas interessadas não se enquadram no protocolo atual de distribuição, que prioriza mulheres em situação de vulnerabilidade extrema. “O método oferece vantagens significativas para esse público, que muitas vezes não consegue manter o uso regular de pílulas anticoncepcionais ou o uso correto de preservativos, e possui contraindicação para o DIU de cobre, devido ao risco elevado de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)”, acrescenta Simões.
Acesso
Para ter acesso ao método, a mulher deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência e passar por uma avaliação com médico ou enfermeiro. Além disso, o dispositivo também é oferecido no Centro Materno Infantil (CMI), no pós-parto imediato, e por meio do Consultório na Rua, voltado para a população em situação de rua.
O Implanon não é disponibilizado diretamente pela farmácia do SUS, para evitar extravios. A medicação é distribuída aos profissionais de saúde que realizam a prescrição e a inserção. “Caso atenda aos critérios clínicos de elegibilidade, a mulher será encaminhada ao ginecologista para a inserção do implante. Em muitos casos, os próprios profissionais identificam mulheres em situação de alta vulnerabilidade e realizam o encaminhamento”, explica a enfermeira Carolina Hespanha.
Apesar dos avanços, o principal desafio para a ampliação do acesso ao Implanon ainda é a falta de recursos financeiros. No entanto, a gestão municipal trabalha na capacitação de médicos e enfermeiros e aguarda as novas orientações do Ministério da Saúde sobre a ampliação do método para todas as mulheres.
"A maior conquista com a chegada do Implanon é garantir proteção contra uma gravidez indesejada a mulheres que historicamente têm seu direito à saúde sexual e reprodutiva negado. Esperamos que, em breve, todas as mulheres possam ter esse acesso também”, conclui Carolina.
Implanon
O Implanon é um implante subdérmico de etonogestrel, um hormônio sintético semelhante à progesterona. Inserido sob a pele do braço da mulher, o dispositivo libera continuamente pequenas doses do hormônio na corrente sanguínea, impedindo a ovulação e dificultando a entrada de espermatozoides no útero. Com eficácia superior a 99%, o método é comparável à laqueadura tubária, porém com a vantagem de ser reversível e não cirúrgico.